É o Lago Titicaca, situado a quase quatro mil metros acima do nível do mar. Seca a olhos vistos e está chegando ao seu menor nível, anteriormente registrado em 1996.
Onde antes havia água, agora há terra seca, pedras e barcos atolados. A redução do nível de água faz com que os peixes não possam desovar nas margens. Com isso, as espécies desaparecerão.
A seca é resultado das alterações climáticas e as previsões são as mais sombrias. O Lago Titicaca é compartilhado pela Bolívia e pelo Peru, tem área de 8,3 mil quilômetros quadrados. É o terceiro em volume de água. O primeiro é o Maracaibo, que está na Venezuela e o segundo é a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.
A aceleração na seca deriva de várias causas. Fatores meteorológicos, hidrológicos e climáticos, dos quais o mais evidente é a redução das chuvas. Os fenômenos “El Niño” e “El Niña”, por sua vez, ambos contribuem para que o lago aos poucos desapareça.
Tudo resulta da ação humana que, perdulária no uso dos recursos naturais, baseou sua civilização no petróleo e não hesita na utilização desses combustíveis fósseis que envenenam o planeta e abreviam a aventura humana sobre a Terra.
Neste 2023, houve um calor excepcional no inverno das montanhas andinas da América do Sul. Isso alerta para o pior: a perturbação climática derrete a neve abaixo dos três mil metros, o que acabará a paz para as pessoas que vivem nos vales a jusante e que dependem da água do degelo para sobreviver.
Primeiro de agosto foi o dia de inverno mais quente no norte do Chile em 72 anos. Aquecimento global, “El Niño” e rajadas de vento do leste, os chamados “ventos Terral”, que trazem clima quente e seco, tudo isso fez com que a estação fosse atípica. Para piorar, o Lago Titicaca é vítima de poluição violenta, causada por todos os resíduos gerados pela cidade de El Alto, uma das mais populosas da Bolívia.
O problema não se circunscreve à Bolívia e Peru. O Pantanal já perdeu parte considerável de suas águas. A seca atinge todas as formações aquíferas e, sem água, não é preciso muito esforço para dizer que não há vida.
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José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL,
docente da Pós-graduação da UNINOVE
e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.
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